vendredi 30 juillet 2010

Arroser la vie


Na aridez de Dezembro
Podem-se encontrar rosas.
No jardim de Deus
Não são os cardos que perduram,
Não são os espinhos
Que nos impedem de sentir
O aroma de rosa áurea.

Arroser la vie,
É um encontro
De sabor e frescura,
Mesmo quando os dias
Parecem perder a cor
Do sentido.

As perdas de Dezembro
Não sabem da Primavera,
Mas as suas pétalas
Duram para sempre.

Orlando Pedro Esteves
30/07/2010


Para a minha vizinha e amiga Celeste que no Dezembro da sua vida, perdeu a sua filha, depois de ter visto partir o seu filho há 25 anos. Ficam os netos, e as pétalas.

samedi 24 juillet 2010

Orações de Cera

Das licht dieser kerze ist zeichen meines betens - Esta chama continua as minhas orações


Em Lourdes,
Ouvem-se sinos de cera
Como ouvidos que se derretem,
Passos de várias cores
Corações de tamanho de fé.

Carrega-se cera a peso,
Medida por esforço e temperança.
Por procuração a vela continua
Derramando orações
Liquefeitas, sólidas.

Cera em processo,
Contínuo,
Repetido.

Há orações que a Palavra
Não manda reciclar,
Há orações que o eco
Não tem voz cérea,
Nem duração premeditada.

Ouçam-se apelos à oração
Sem formato,
Despidas de cera.
Sem mediação,
Sem contenção.

Escutem a voz do coração
Levada a Deus sem círio,
Encontrem o pavio
Da chama que vos dá vida
E que esta permaneça acessa.


Orlando Pedro Esteves
24/07/2010

dimanche 18 juillet 2010

O que a Pedra perdura


Pedra de esforço desumano
Amontoada em ordem divinal,
Uma após outra, Yahweh disse.
Pedra insólita, lúgubre, quedada.

Formaste uma parede,
Chamaram-te muro.
Lamentações, gemidos,
Corridos, trazidos, lânguidos.

Lado de um tempo ausente,
Presente no seio da esperança.
Testemunha à vida de homem,
Da sua grandeza, da sua miséria.

Quanto sangue espargido
Por cada laje percorrida.
Quanta dor contada
Em ambos os lados da barricada.

Oh Jerusalém de ódio e de amor,
Pedras que falam,
Por cada vida caída.

Oh Jerusalém de esperança,
Por que acalentaste a vida
Que nos traz a vida.

Cada lamentação,
Traz uma oração na fissura
Do tempo
Que a pedra perdura.


Orlando Pedro Esteves
17/07/2010